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Movimento R.U.A

Onde as crianças vivem sua infâncias?


Onde as crianças vivem suas infâncias? Quais os espaços existentes para além dos quintais? Quais são os quintais urbanos? As crianças brincam e aprendem na cidade, ocupando as ruas e os espaços públicos? Qual a relação das crianças com a cidade? Como educamos nossas crianças para uma vida cidadã?


Conheci Aluan Romero e Wagner Fernandes por intermédio do meu amigo de vida e de profissão, Waldir Romero. Waldir me levou para conversar com estes queridos e entusiasmados defensores de projetos que pensam a cidade na perspectiva das crianças, que nos convidam a pensar na forma como educamos nossas crianças nos contextos urbanos. Foi então que pude conhecer os projetos da “Animarte”. O projeto “Nossa” (nossa.art.br) compreende a estreita relação entre arte e educação e propõe ações e experiências de cultura, diversão e arte para as famílias na cidade de São Paulo (penso que esta ideia é tão bacana que deva inspirar outras cidades!).


Como viver a cidade sem aprender desde cedo suas possibilidades, seus problemas e pensar em propostas de soluções para enfrentar desafios? Como gostar da cidade sem pertencer a ela? Como fazer isso se vivemos apartados dela, se vivemos a vida de “guetos”?


Sabemos que as infâncias são plurais. Numa grande metrópole como São Paulo isso se evidencia com mais força. As crianças na periferia podem até brincar nas ruas, mas como são estas ruas? Estas crianças são ouvidas e participam ativamente da vida na cidade? Como se dá a relação de uma criança das comunidades com o restante da cidade? Sabemos perfeitamente que praças, equipamentos de cultura, arte e lazer estão situados em bairros mais centrais. Cabe destacar a ausência do poder público nas comunidades. Por outro lado, as crianças da classe média vivem em condomínios fechados e crescem sem ir para rua, educadas em pequenas bolhas de proteção.

Seja por “abandono” ou por “proteção”, o fato que é que viver a infância de forma apartada da cidade em nada contribui para a construção do tão aclamado “espírito de cidadania”.


Vivemos vida pública e vida privada. No entanto, parece que estas duas vidas se confundem e aquilo que deveria ser privado, torna-se público; aquilo que deveria ser público, vira privado. Isso tem relação com a forma com a qual educamos as crianças. Como pensar numa vida de participação coletiva, que leve em conta os interesses de todas as pessoas se fomos educados como indivíduos? Como esperar que crianças educadas em “guetos” pensem numa cidade e para todas e para todos?


Sabemos que o contexto atual da vida em cidades é bastante complexo, reconhecemos a existência de riscos e a necessidade de proteger as crianças. Então, quais são as possibilidades? O projeto “Nossa” (nossa.art.br) nos inspira com propostas de arte, educação e cultura.


Falar da importância de educar as crianças no contexto da cidade em tempos de distanciamento social pode até parecer uma loucura. Mas pesquisas recentes demonstram que durante a Pandemia de COVID 19 as pessoas começaram a ocupar as praças, a caminhar pelas ruas e explorar mais o entorno das suas casas. As experiências dentro das casas também aproximaram a família e adultos e crianças se viram obrigados a conviver e a compartilhar o cotidiano. Desafios transformaram-se em oportunidades para resgatar brincadeiras e viver experiências coletivas com as pessoas da família (limpar junto, trabalhar junto, cozinhar junto).

Recuperar a vida coletiva nas miudezas do cotidiano torna-se potente para recuperar a participação de todas e todos em âmbitos sociais mais amplos: o bairro, a comunidade, a cidade, o país, o mundo. Como educadoras(es) não podemos perder este fio de conversa. As crianças têm muito a contribuir, precisam ser ouvidas.


Quais são suas possibilidades de viver, propor e participar da vida como cidadãs e cidadãos do aqui e do agora? Educar para a cidadania não é uma preparação para uma vida futura, mas ocorre no aqui e no agora da infância.

A cidade é o espaço onde as crianças vão brincar e imaginar outros mundos. A cidade é onde a vida acontece. A cidade como espaço de conviver, brincar e educar. O Projeto “Nossa” (nossa.art.br) é pedra de encantar espaço público, ensina que nossa vida tem dimensão pessoal e coletiva. Precisamos cuidar de tudo e de todas(os) porque tudo é de todas(os) e porque cada pessoa é parte importante e integrante deste universo. Afinal a cidade é “Nossa”!

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